terça-feira, 15 de julho de 2014

Inovação, diferencial competitivo da Alemanha na Copa.

A seleção da Alemanha é a melhor do mundo hoje. Ela deu show na Copa brasileira com sua habilidade tática e técnica, seu espírito de equipe,  senso de coletividade e respeito aos adversários. Mas, particularmente, acho que o time da Alemanha se destacou muito pela sua capacidade de inovar. Ainda este ano, a SAP anunciou uma parceria com a Associação Alemã de Futebol (DBF), com um projeto de co-inovação: a solução SAP Match Insights, cujo objetivo é facilitar as análises dos treinos, preparações e torneios. Grandes quantidades de dados são processados e transformados em simulações e gráficos que podem ser visualizados em um tablet ou smartphone, permitindo que os treinadores e jogadores possam identificar e avaliar de forma rápida informações-chave para tomadas de decisão mais acertadas. Esses insights são utilizados para melhorar o desempenho da equipe e dos jogadores, permitindo a customização dos aprimoramentos necessários.


Difícil dizer o quanto esta solução ajudou a Alemanha a ser campeã do mundo, mas no mínimo demonstra a mentalidade inovadora dessa seleção, que usou a tecnologia e o big data para melhorar sua performance em campo. Essa, com certeza, foi uma vantagem competitiva deste time.


“Imagine que em apenas 10 minutos, 10 jogadores com três bolas geram mais de sete milhões de dados. A plataforma SAP HANA processa tudo isso em tempo real. Com a SAP, nossa equipe consegue analisar esse volume imenso de dados e personalizar o treinamento para melhor preparar a seleção para o seu próximo jogo”, afirmou Oliver Bierhoff, embaixador da marca SAP e gerente da seleção alemã na release sobre a solução.
A performance do jogador é analisada por meio de oito câmeras que cercam o campo. A cada jogador é atribuído um identificador único, permitindo que os seus movimentos sejam monitorados digitalmente. Estes dados são utilizados ​​para medir os indicadores-chave de desempenho, como o número de toques, o tempo médio de posse, a distância percorrida, velocidade dos movimentos e mudanças de direção. Além de permitir a análise de desempenho dos próprios jogadores, a solução também possibilta a identificação dos pontos fortes e fracos dos adversários, para que sejam criadas táticas defensivas mais apropriadas.



segunda-feira, 7 de julho de 2014

Como a Internet das Coisas muda a vida das pessoas?



Nosso planeta – formado por sistemas naturais complexos, humanos e objetos – gera hoje um número infinito de dados de diversos tipos. Uma avalanche de informação que codificada ou não nos oferece outra miríade de oportunidades e desafios. Já comentamos sobre isso em outros posts, como este.

Nos últimos anos, microchips, códigos e tecnologias cada vez mais sofisticadas nos deram acesso a estes dados e, ao mesmo tempo, as máquinas passaram a estar cada vez mais conectadas. A partir daí, surgiu o conceito de Internet das Coisas (Internet of Things), uma espécie de hot topic atual, que foi mencionado por Kevin Ashton, um dos primeiros nomes a falar nessa ideia, ainda no início dos anos 2000. A Internet das Coisas é a conexão e comunicação entre objetos (máquinas ou coisas), por meio da internet. Essa conectividade gera mais dados, que podem ser coletados a partir de mais lugares. A capacidade de coletar, analisar e distribuir dados aumentará muito, e por consequência, a sua transformação em informação, conhecimento e sabedoria também. De acordo com a Cisco, em 2020 serão 50 bilhões de objetos conectados no mundo, incluindo telefones, chips, sensores, implantes e dispositivos que nós ainda não desenvolvemos. 

Este vídeo da IBM ilustra bem o conceito: Internet of Things - Introduction


Mas como a Internet das Coisas irá impactar em nossas vidas? De diversas formas, e as possibilidades para descobri-las estão abertas. Mas hoje vamos falar sobre como essas novas conexões poderão ajudar muito as nossas cidades a se tornarem mais inteligentes e, sobretudo, melhores para se viver.



O conceito de cidades inteligentes (smart cities) tem sido cada vez mais discutido nos últimos anos. Já falamos sobre isso também nesse post. O termo inteligente, nesse contexto, está muito ligado ao uso da tecnologia da informação e comunicação e da internet para enfrentar os desafios urbanos que o crescimento das metrópoles nos apresenta. E é nesse ponto que a Internet das Coisas será tão importante para melhorar a vida das pessoas.
Uma breve contextualização: é importante lembrar que o número de residentes urbanos vem crescendo cerca de 60 milhões a cada ano. Além disso, segundo estudo da UN-Habitat mais de 60% da população mundial estará vivendo em cidades até 2050. Consequentemente, as pessoas que ocupam apenas 2% das terras do mundo irão consumir cerca de três quartos de seus recursos. A pesquisa destaca também que mais de 100 cidades de 1 milhão de pessoas serão construídas nos próximos 10 anos. Esse cenário exige que as cidades busquem formas de interagir com os cidadãos para buscar insights, ouvir e responder às necessidades das pessoas. 





Como o aumento do uso de tecnologias móveis e conexões entre máquinas, além dos sensores incorporados aos objetos físicos - Internet das Coisas -, os sistemas cognitivos serão capazes de encontrar padrões em grandes quantidades de dados produzidos. As máquinas poderão raciocinar por meio dos padrões e aprender através das interações com as pessoas para refinar suas respostas. Isso significa uma nova geração de algoritmos de aprendizado e sistemas de processamento de linguagem de máquinas que está surgindo. Essa mudança abre diversas possibilidades para um gerenciamento mais inteligente das nossas cidades. Os aplicativos móveis poderão se tornar a melhor forma de acompanhamento dos problemas cotidianos das grandes cidades como, por exemplo, buracos nas ruas, iluminação pública, caixas de lixos superlotadas (por meio dos sensores), alagamentos, etc. A partir dessas informações os serviços públicos poderão ser gerenciados e consumidos de acordo com as necessidades e demandas das pessoas. Além disso, a análise de sentimentos sociais pode prover aos governantes uma grande quantidade de comentários sobre questões importantes para os cidadãos, facilitando a priorização das ações. Essa troca de informações online entre cidadãos e governo dará origem a novas cidades, que poderá responder às demandas da população em tempo real, prever os problemas antes que eles ocorram, e oferecer serviços sob medida de acordo com as demandas da população. Sonho?! Não, já é possível. Só precisamos ser mais ativos e participativos na busca de uma vida melhor para todos. 


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Science and Technology in China: implications for innovation


The successful implementation of Science, Technology and Innovation (STI) policies has a very important role in the prosperity of any nation in the global market. Technological innovation is one of the factors which contribute to economic development, establishing ties between science and business in a rapidly changing global environment. 

Of course In China is not different.  Innovation is an important element of the technological and overall development of the country. The comprehensive goal ofthe Chinese Communist Party (CCP) is to make China an “innovation-oriented” society by 2020. To achieve this objective, the government has put a range of policies in place. A key priority of its current Five Year Plan (2011-15) is to transition the country from “Made in China” to “Created in China.”



Land of contrasts: Beijing’s astonishing CCTV Headquarters
 building alongside with the worker riding a bicycle.
China’s first patent law was passed in the same year as urban reforms began in 1984. China entered the World Trade Organization (WTO) in 2001 and adopted the associated trade-related intellectual property rights (TRIPs) agreement along with the harmonization of its IPR system with the strictures of the international standards. On the other hand, ineffective enforcement has been an issue in China, and the patent laws are no exception. The imperfect legal system characterized by weak enforcement has represented a big challenge for innovation in the country. Innovation as captured in the form of patents is indeed growing in China despite an imperfect legal system.

From 1995 to 2005, the spending on research and development increased at an annual rate of nearly 19% and reached USD 30 billion (at current exchange rates) in 2005. Currently, China state’s Science and Technology Development Plan suggests 2.5 percent of GDP to be spent on research and development by 2020.
Contrasts of Shanghai: Cheap China is fading fast, 
and innovative China is emerging. 

Looking back in the Chinese history we see that the 1950’s was featured by the Marxist ideas of science and technology as a tool to the development of productive forces and by the assistance from Soviet Union. Based on this idea, Chairman Mao believed that communist ideas should guide scientific work. In 1955 was formulated the first Science and Technology (S&T) Plan for 1956-67. In this period, more than 10,000 Soviet and East European experts worked in China and thousands of Chinese engineers trained in Soviet Union.

From 1958 to 1960, the Great Leap Forward represented the strong ambition to catch up quickly with the Western industrialized nations.  Mao Zedong wanted to encourage more construction of industries in rural areas. The idea of “walking on two legs” was based on a technological dualism: combining large-scale, capital-intensive industries with small-scale, labor-intensive industries.

As history shows us, the Great Leap Forward had disastrous consequences: hunger and inefficiency.  In early 60’s a period of Readjustment took place from 1961 to 1965. 
It happened just after Soviet Union withdrew its assistance in 1960 and at the same time we can observe the emergence of new principles, such as balanced growth – less investment, in order to support consumption – and agriculture emergence the foundation of economic development. Furthermore, during this period of readjustment, one of the key features was the idea of market socialism – the idea that profit motivation is important to promote science and technology. In 1962 the second S&T plan defined more resources devoted to military research and is possible to notice a reduced emphasis on ideological work and more emphasis on professional expertise.

In the period of Cultural Revolution, people had to be classified according to whether they were “red” or “experts”. Policy-makers had to answer few questions at this time.  Is Science and Technology the “superstructure” or the “basis” of society?  Are scientists members of the working class? How to ensure that scientists or engineers work for socialist revolution and not bourgeois capitalism? Education should be ideological or professional?

This period was extremely detrimental for the promotion of science and technology expertise in China. Scientific research was badly disrupted. Research institutes were closed and scientists were sent to the countryside. Important western scientific theories (such as Einstein’s relativity theory) were denounced. Furthermore, education was increasingly emphasized on ideological persuasion, instead of scientific expertise. As a result of this, engineers lost power in industrial enterprises and only socialist scientists could build a socialist nation.

China has established fundamental changes after the Cultural Revolution. Chinese policymakers realized the importance of science, technology and innovation policy.   Besides that, the development of neighbors such as Taiwan, South Korea, and Singapore made clear that industrialized world was doing better and reforms[1] were needed in the mainland. In the 1980’s the implementation of a reformed STI policy was clear with the establishment of the Ministry of Science& Technology (MOST) and laws such as “Law for Promoting Commercialization of Science & Technology”, “Technology Contract Law”, “The law for Agricultural Technology Diffusion”. Since this first movement of reforms, China has begun the road to intellectual property and innovation became profit-oriented.

It is important to note that Chinese economy has depended mainly on structural changes – shift from agriculture to manufacturing and that’s why is important to keep the pace of economic and scientific and technological growth.  From the end of the Cultural Revolution onwards (2000’s) China’s development of scientific and technological capability has lagged behind its economic growth. From 2000 onwards we see a significant progress been made towards developing the country’s scientific and technological capabilities. This is a period in which Chinese leaders put into place policies trying to raise the level of scientific and technological expertise within China and its enterprises. Policymakers started to emphasize that the development of technology in a developing country has important economic and strategic roles. Currently, government policy encourages Chinese working overseas to return home by rewarding return­ees who bring back foreign technology.  Training technicians and scientists has been at the heart of China’s nation­al economic plan for the next years.










[1] OECD defined a timeline to better understand the evolution of reforms on S&T in China:  experimentation (1978-1985), the structural reform (1985-1995), the deepening period (1995-2005), and the development of a firm-centred innovation system (2005- ).


domingo, 29 de junho de 2014

WiX Lounge

When in New York, we go to work at Wix Lounge. 


In this picture you can understand why... 



#OfficeNYC #EthosInsights #SocialImpact #WixLounge

Empreendedorismo Social e Saúde.

Demais essa iniciativa brasileira de empreendedorismo social e saúde! O Saútil surgiu em janeiro de 2011 com intuito de prover conhecimentos básicos sobre o SUS, como o de obtenção de medicamentos na rede pública de saúde. O sistema de busca criado, mapeia serviços do SUS para todo o país. Saútil foi acelerada pela Artemisia Negócios Sociais, uma aceleradora de negócios de impacto social no Brasil.

Vale a pena checar! 


http://www.sautil.com.br/

terça-feira, 24 de junho de 2014

Mulheres protagonistas


De hoje, 24 de junho até 31 de julho o blog da Ethos inicia uma séria de posts com o perfil e a história de mulheres que estão fazendo o bem no mundo, seja empreendendo, seja  fazendo política. Elas nem sempre são muito faladas e nunca apareceram na capa da Forbes.

Dedicaremos este espaço para falar delas.

Espero que vocês gostem.

:)




sexta-feira, 6 de junho de 2014

As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá


Bruna Santos1

 O famigerado complexo de vira-latas brasileiro, diagnosticado por Nelson Rodrigues,  tem sido recorrentemente citado ao longo das últimas semanas. Ele reflete a insegurança e descontentamento daqueles que repetem “só no Brasil mesmo” toda vez que se deparam com algum problema. A percepção do brasileiro sobre a situação atual do país piorou significativamente desde que os protestos tomaram as ruas em junho do ano passado. A mensagem era clara: o brasileiro quer eficiência,  integridade política e, acima de tudo, quer ser ouvido. A iminência da Copa do Mundo nos jogou no meio de uma nuvem de insegurança coletiva em relação à percepção alheia sobre o Brasil. Nesse caso, a percepção de nada menos do que o restante do mundo.  A fim de dar um empurrãozinho na disposição de alguns brasileiros a ver o copo meio cheio, proponho uma reflexão breve sobre democracia e participação.

Na última quinta-feira, “só no Brasil mesmo”, foi realizada a maior consulta pública da história da internet no país. A Votação de Prioridades realizada pelo Gabinete Digital do Estado do Rio Grande do Sul encerrou as consultas com 255.751 votantes em três dias. Com este resultado, o Rio Grande do Sul realizou a maior consulta pública da história da Internet no país e o maior processo de orçamento participativo digital do mundo. Tudo isso foi monitorado de perto por pesquisadores do Banco Mundial que estavam no estado para conduzir uma série de experimentos relacionados à participação cidadã.

Comparação e competição

Como quem olha o pão com manteiga que tem na frente e compara com o carré de cordeiro na foto do Instagram do vizinho, o brasileiro complexado olha para fora e se deprime. (Não cabe a mim explicar o porquê). Ele se deprime porque pensa que em Miami a vida é mais fácil; que em Nova Iorque tem emprego pra todo lado e que em Pequim tudo funciona, pois o governo é eficiente.

Aos que pensam assim, fica o meu depoimento. Há algum tempo vivo entre Brasil, China e Estados Unidos. Ser expatriada foi uma opção de vida. Não saí do Brasil por que o país não funciona. Saí por inquietação intelectual.

Manhattan connection às avessas - com parada na Praça da Paz Celestial

Olho para os países onde morei nos últimos 4 anos e vejo que o Rio Grande do Sul  não está nem um passo atrás em termos de democracia e participação. Pelo contrário.

Nos EUA, desde a década de 1990 tem-se tentado reinventar o governo. David Osborne foi o idealizador dessa reforma na administração Bill Clinton.  Nos últimos 8 anos, Nova Iorque também passou por uma transformação intensa na forma de pensar a intersecção entre políticas públicas e tecnologia. Liderada pelo prefeito Bloomberg, a iniciativa de usar a tecnologia da informação a serviço dos cidadãos foi feita de maneira colaborativa. A prefeitura abriu seus dados e criou canais de participação para que a população inovasse criando soluções criativas para os problemas urbanos. Eu considero a experiência nova-iorquina admirável e replicável. No entanto, a cidade ainda carece de iniciativas de participação popular eficazes. Acredite, tendo Porto Alegre como exemplo, a esquina do mundo lançou apenas em 2012 seu modelo de orçamento participativo - 23 anos depois da implantação do OP em POA pelo então prefeito Olívio Dutra.

Depois da grande maçã, olhemos para a outra esquina do mundo: Pequim. Na China, se você não é filiado ao Partido Comunista Chinês (PCC), as suas chances de ser ouvido e de participar das decisões políticas do país são reduzidas a nada. O chinês de classe média hoje tem acesso às grandes marcas internacionais, carros de luxo e etc, mas ainda está encerrado em um modelo não participativo de governo. Lá vive-se era da informação, da velocidade, da internet e das redes sociais, mas ninguém pode usar o Google, a internet é censurada e os cidadãos leem com descredibilidade o que é dito na mídia local.

No mesmo 4 de junho que, no Rio Grande do Sul, comemorávamos o sucesso da participação popular na votação das prioridades, na China, o governo repetia, pela 25º vez, seu esforço anual para apagar da história os vestígios do massacre de estudantes que pediam democracia na praça de Tianamen.

Oportunidades

A era da informação, da internet, das redes sociais e dos dados abertos nos oferece a oportunidade única de reformular nossas instituições políticas. O Rio Grande do Sul tem sido pioneiro nisso.  Uma revolução na forma de fazer política é necessária. A desigualdade entre ricos e pobres é um abismo que os líderes mundiais passaram décadas tentando fechar. Mas, na realidade, a maioria dos cidadãos permanece insatisfeito com uma desigualdade diferente: a que existe entre os poderosos e os impotentes.

Mais uma vez, o Gabinete Digital deu poder à voz dos gaúchos. Elevou o volume dos que ainda falam baixo ou não são ouvidos. Eu tenho orgulho disso e não vejo espaço para inseguranças e complexos, mas sim para avaliação crítica e construtiva. Melhoria, sugestões, participação e inovação. Que assim seja e que nossa voz nunca se cale. Os ouvidos dos poderosos estão abertos. Aproveitem!



1 Bruna é mestranda em Administracao Pública na Universidade de Columbia, pesquisadora no projeto Public Management Innovation entre os Columbia Global Centers do Rio de Janeiro, Pequim e Mumbai e sócia-fundadora da empresa Ethos Intelligence, dedicada ao monitoramento e avaliação de projetos de impacto social. Contato: bsd2118@columbia.edu :::  b.santos.ri@gmail.com ::: LinkedIn